Repressão (verdrängung)
 

Definições
Freud empregou este termo em dois sentidos:
a) Em seu sentido específico, designa o processo inconsciente através do qual um conteúdo mental é impedido de ter acesso a consciência.
b) Em um sentido mais vago, foi algumas vezes utilizado como sinônimo de defesa.

Histórico
O estudo sobre o processo pelo qual um conteúdo mental fica privado de ter acesso à consciência está presente desde os primeiros trabalhos de Freud. Do ponto de vista psicanalítico, seu artigo sobre as afasias foi seu primeiro estudo sobre as vicissitudes das representações mentais, base para inúmeros trabalhos posteriores, o que é reconhecido por ele próprio em seu artigo O Mecanismo Psíquico do Esquecimento (Edição Standard da Obra Psicológica Completa de Sigmund Freud, vol. III; Ed. Imago, R.J.). Neste artigo Freud diz que o esquecimento psicológico em tudo é semelhante ao que ocorre nas afasias motoras, exceto pela ausência de lesão neurológica.
Indubitavelmente, a repressão equivale a uma afasia psicológica.
O termo alemão utilizado por Freud (verdrängung) foi traduzido em inglês como repressão e em francês como recalque, ambos transmitindo uma idéia equivocada a respeito do processo pelo qual uma idéia é impedida de ter acesso à consciência: ambos dão a impressão que uma idéia é mantida inconsciente graças a uma força de cima para baixo. Hoje já é de domínio quase geral que não se trata disso. Verdrängnung designa um afastamento,
deslocamento, do tipo que um navio quebra-gelo provoca num mar gelado. É a separação entre afeto e a representação ideativa que afasta o indivíduo de um auto-conhecimento (consciência). Com esse afastamento, algo deixa de ter sentido e, portanto, de fazer ou ser parte do indivíduo. E cada componente pulsional terá, então, um destino ou uma vicissitude diferente.

Clínica
A repressão é um processo em dois tempos: repressão primária ou repressão própriamente dita e a repressão secundária, ligada ao retorno do reprimido. Substituto é a formação psíquica que toma o lugar da idéia reprimida na 1ª etapa da repressão; o sintoma surge na 2ª etapa, isto é, quando há o retorno do reprimido. As condições para que ocorra retorno do reprimido estão relacionadas com um enfraquecimento das defesas (fadiga, doença, sono),
um reforço pulsional (puberdade, por exemplo) ou acontecimentos atuais que evoquem o repimido.
A simbolização, os sintomas e a sublimação são derivados mentais do reprimido.
Quanto mais intensa a vida de fantasia, maior repressão ocorreu.
Na histeria, o objeto da repressão é a libido; na neurose obsessiva, é a agressividade; na fobia tanto pode ser a lidido quanto a agressividade, enquanto que nas psicoses, os mecanismos defensivos utilizados fundamentalmente são a rejeição e a recusa da realidade (interior ou exterior).

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