Recusa (verleugnung)
 

Definição
Mecanismo defensivo inconsciente descrito por Freud para lidar com uma percepção (realidade) traumatizante.

Histórico
O conceito foi elaborado nos artigos Organização Genital Infantil e Consequências Psíquicas da Distinção Anatômica entre os Sexos quando Freud aborda algumas conseqüências psicológicas que podem advir da percepção da ausência do pênis nas meninas, e Clivagem do Ego no Processo de Defesa (Edição Standard da Obra Psicológica Completa de Sigmund Freud, vol. XXIII; Ed. Imago, R.J). É apenas no artigo sobre o Fetichismo (idem, vol. XXI; Ed. Imago, R.J.) que Freud vincula este mecanismo psíquico a esse tipo de patologia.
O mecanismo descreve, não a rejeição de uma percepção, o que seria a psicose, e sim a recusa das consequências psicológicas da percepção, ou seja, a recusa das consequências a que a consciência (dos significados) desta percepção levaria. Freud ensina que isso (a recusa dos significados da percepção) é conseguido através de uma clivagem do ego. A percepção é registrada, mas seus significados não existem.
Enquanto que a rejeição da realidade implica em algum nível de alteração da representação de si mesmo (identidade), esta representação, na recusa, é mantida, embora às custas de algo (o fetiche) cuja presença e existência passam a ser fundamentais para a representação de si mesmo se manter.

Clínica
Nos dois primeiros artigos acima citados, Freud ressaltou que esta maneira de lidar com a realidade é habitual nas crianças, mas no adulto estaria próxima da psicose. Realmente, é comum uma criança brincar, por exemplo, com uma caixa de fósforos como se ela fosse um carro e, ao mesmo tempo, saber que é uma caixa de fósforos.
Enquanto que a repressão está relacionada a estímulos pulsionais (amorosos e agressivos), a recusa e a rejeição  são usadas para lidar com percepções da  realidade, interna ou externa.
Este mecanismo está presente em diversas situações da vida cotidiana, como alguns tipos crenças e superstições.

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