Alterações do Pensamento
 

I- Ideação
É o mecanismo e trabalho mental mediante o qual se faz a chegada das idéias ao campo da consciência para a elaboração do pensamento.
Idéia é o conhecimento que se tem das coisas e dos seres do mundo objetivo e do mundo dos valores. As idéias são os elementos que o juízo e o raciocínio usam para cristalizar e dar curso ao pensamento. Elas chegam à consciência de acordo com uma ordem e com uma finalidade determinadas pelo tema ou conteúdo do pensamento, e são evocadas pelos mecanismos associativos.

1- Tipos de idéias
- idéias concretas: se originam na fonte sensorial pela observação e contato direto com o mundo objetivo. São elaboradas através da formação de imagens e são próprias das primeiras etapas da evolução do pensamento.

- idéias símbolo: resultado da evolução da imagem individual de cada objeto para uma imagem genérica. O símbolo envolve todos os objetos iguais sem determinar nenhum em particular. É resultado da socialização e marca a passagem do concreto para o pré-lógico e abstrato.

- idéias mágicas: marcam a passagem do concreto para o abstrato e se baseiam nos princípios que sustentam o pensamento global, embora os conhecimentos possam ser exatos ou não. São produtos de juízos e raciocínios imaturos, próprios das crianças.

- idéias abstratas: nelas não há representação mental do objeto. São elaboradas por um raciocínio analítico (dedutivo).

- idéias crenciais: são conhecimentos aceitos como verdadeiros ou prováveis, baseados apenas na confiança que se dispensa a eles, seja porque não existe um juízo prévio, porque a inteligência não alcança ou porque elas foram impostas por razões afetivas ou morais.

- idéias intuitivas: conhecimentos de apreensão súbita, instantânea e com aparência de verdade (pode ser ou não). Decorre da elaboração inconsciente de elementos do próprio conhecimento que surgem devido a circunstâncias especiais.

2- Psicopatologia da Ideação
a- Alterações quantitativas
- Bradipsiquia: ideação lentificada
- Taquipsiquia: ideação acelerada

b- Alterações qualitativas
- idéia delirante: idéia morbidamente falseada que não é accessível à correção por meio de argumento, condiciona o comportamento da pessoa, quel está convencida de sua realidade e é por ela defendida. 

- idéia delirante verdadeira: convicção extraordinária e certeza subjetiva absoluta, impermeável à experiência e à refutação, apresenta uma inverossimilhança do conteúdo.

- idéia deliróide: se origina em fenômenos afetivos ou de outras experiências pessoais, não apresenta convicção absoluta e nem certeza subjetiva, pode ser permeável à refutação e à experiência.

- idéia obsessiva: diferentemente da idéia delirante, esta é reconhecida pela pessoa como anormal, mas não condiciona o comportamento ou o faz apenas em parte. 
             - idéia obsessiva impulsiva: idéia repetitiva que impulsiona para a execução de atos.   
             - idéias obsessivas fóbicas
            - Idéias obsessivas puras: não provocam impulsos e nem são secundárias ao  medo.     Ocorrem sem grande tensão emocional.
            - escrúpulos obsessivos: são dúvidas permanentes
            - recordações obsessivas
           - obsessão especulativa: são perguntas intermináveis sem se querer saber a verdade.

- idéia supervalorada: se origina nas crenças e concepções filosóficas de cada um. Está no limite da idéia delirante, pois é criada por um juízo parcialmente alterado pelos estados emocionais destas crenças e concepções.

- idéia fixa: é uma idéia que persiste na consciência, mas sem perturbar o pensamento e sem condicionar a conduta da pessoa. Inicialmente tem grande repercussão, mas aos poucos vai perdendo sua carga emocional até se tornar uma idéia parasita. fy; line-height: 150%;"> II- Psicopatologia do Pensamento
1- Alterações do curso
- taquipsiquismo: aceleração do curso do pensamento, sendo que a fuga de idéias é o caso extremo;
- bradipsiquismo: lentificação do curso do pensamento;
- prolixidade do pensamento: incapacidade de extrair os conteúdos mentais essenciais para alcançar a conclusão do pensamento, mas sem perda da idéia diretriz;
- perseveração do pensamento: repetição periódica e automática de palavras relacionadas com a idéia diretriz, que são intercaladas no curso do pensamento interferindo no seu fluxo;
- interceptação do pensamento: interrupção brusca do pensamento, o qual é reiniciado logo após retomando o curso anterior ou, o que é mais comum, um curso diferente;
- pensamento rígido: o curso é perturbado pela persistência de uma idéia que tem preferência e resistência em ser abandonada;
- estereotipia do pensamento: repetição de palavras ou frases que são intercaladas no curso do pensamento, não participam  do tema, não desviam e não interferem com a idéia diretriz. A fluidez do curso é normal;
- verbigeração do pensamento: repetição de palavras ou frases, que não participam do pensamento, de forma intempestiva e automática, sem sentido e sem lógica;
- pensamento desagregado: perda da soberania da idéia diretriz.

2- Alterações de conteúdo
- pensamento incoerente: decorre de uma alteração da consciência (diminuição da lucidez)
- pensamento obsessivo
- pensamento delirante: 
           - percepção delirante: é a atribuição de um significado anormal a uma percepção normal;
           - ocorrência delirante: resulta de uma crença puramente subjetiva sobre si mesmo e seus conteúdos  podem   ser místicos, de perseguição, de grandeza, de prejuízo, de ciúmes, de influência e de relação.
         
 - reação deliróide: é baseada em um determinado e preciso estado de ânimo, a partir do qual se tornam compreensíveis a significação e as referências anormais.

O termo delírio tem, em português, dois significados. Significa alterações globais e profunas da consciência, tais como são observadas nas psicoses sintomáticas (orgânicas), quando também costuma ser chamado de "delirium" e significa também um conjunto de juízos falsos, que se desenvolvem em decorrência de condições patológicas funcionais e que não se corrigem por meios racionais.

- pensamento operatório: tipo de pensamento observado por Pierre Marty, psicanalista francês,em pacientes psicossomáticos e caracterizado por ser pobre em fantasia, preso aos elementos factuais e objetivos da ação e com poucos elementos simbólicos. 

 

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