Objeto

Definição
A partir da Psicanálise, este conceito costuma ser utilizado em três perspectivas diferentes: do desejo (vida pulsional), da intersubjetividade (vida relacional) e do conhecimento. Na primeira,"ele é aquilo através do qual a pulsão  pode atingir seu alvo" (Freud, S. Instintos e suas vicissitudes in Edição Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, vol. XIV, Ed. Imago, R.J.), podendo ser um objeto total ou um objeto parcial, um objeto real ou um objeto da fantasia. Na segunda, ele é o outro da relação interpessoal e na terceira, ele é o que existe independentemente do desejo e das opiniões das pessoas.

Tipos de objetos
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Objeto total: uma pessoa.
- Objeto parcial: uma parte, uma característica, um atributo, um aspecto de uma pessoa ou do corpo de uma pessoa. Por vezes uma pessoa pode ser tomada como objeto parcial.
- Objeto externo: é o objeto da percepção.
- Objeto interno: estrutura endopsíquica formada a partir dos processos de internalização presentes nas relações humanas. São estruturas representacionais operacionais que se configuram de acordo com as circunstâncias psicodinâmicas individuais. Não correspondem diretamento às pessoas a que se referem. O termo "fantasma" foi introduzido na Psicanálise pelos autores franceses (Vocabulário de Psicanálise, Ed. Moraes, Lisboa, 1976) e, atualmente, designa uma determinada formação imaginária na qual a vida pulsional está vinculada a determinado objeto interno.
- Objetos primários: estruturas endopsíquicas formadas a partir das relações com os genitores.
- Objeto transicional: termo criado por Donald Winnicott (1896-1971) para designar os objetos materiais (brinquedos, animais de pelúcia, pedaços de pano etc.)
que são utilizados pelo lactente e pela criança na transição para uma relação objetal, isto é, com uma pessoa diferenciada dela.

Histórico
O papel do objeto permaneceu ambígüo na teoria freudiana:
a) Na perspectiva econômica, é visto apenas como o local de descarga das pulsões e de investimentos, libidinal e tanático;
b) Na perspectiva dinâmica, sua importância na constituição da identidade, das instâncias mentais e de certos quadros psicopatológicos é reconhecida.

Ronald Fairbairn, psicanalista escocês (1889-1964), nunca concordou com a perpectiva econômica de Freud. Para ele, a mente não busca a descarga e sim relações. Este autor praticamente introduziu a perspectiva interacional na Psicanálise e seus estudos antecederam os de Melanie Klein, John Bowlby e os demais autores que estudaram as relações objetais.
Foi Sandor Ferenczi, psicanalista húngaro (1873-1933) que, em contraponto ao conceito de projeção, cunhou o termo introjeção para descrever o processo psicológico através do qual um objeto é incorporado à vida mental. Este processo tem como protótipo corporal a incorporação oral, modelo de relação objetal predominante na fase oral.A partir da adoção deste conceito, a perspectiva dinâmica do papel do objeto passou a predominar na teoria freudiana.
O estudo sobre o papel do objeto interno na constituição do aparelho mental começa na década de 1910 com o estudo sobre a formação do ideal do ego e do ego ideal no artigo Sobre o Narcisismo: uma introdução (Edição Standard da Obra Psicológica Completa de Sigmund Freud, vol. XIV; Ed. Imago, R.J.), precursores do superego, e no texto Luto e Melancolia (idem, vol. XIV), inicia-se o estudo da influência patológica dos objetos internos.

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