Defesa maníaca
 

Definição
Conjunto de mecanismos defensivos que são inconscientemente colocados em ação contra angústias depressivas.

Histórico
Estudando os primeiros meses de vida extra-uterina e partindo da premissa de que o bebê ao nascer já teria um ego suficientemente estruturado para experimentar ansiedade, usar mecanismos de defesa e estabelecer relações objetais, Melanie Klein (1882-1960) elaborou uma compreensão do desenvolvimento mental precoce que compreende dois tipos de organização: a posição esquizo-paranóide e a posição depressiva.
Na posição esquizo-paranóide a ansiedade decorrente da pulsão de morte provoca, como mecanismo de defesa, uma cisão do ego da qual decorre que os aspectos bons permanecem no ego e os aspectos maus (destrutivos) são projetados no objeto, o qual passa a ser vivido como ameaçador (perseguidor), dando o colorido paranóide à ansiedade. Predomina o temor de que o objeto invada o ego para aniquilá-lo.
Em havendo um manejo bem sucedido das ansiedades experimentadas nestes primeiros meses de vida, o bebê gradativamente sentirá que seus impulsos libidinais são mais fortes que seus impulsos destrutivos. Assim, a necessivade da cisão do ego com projeção dos aspectos destrutivos diminuirá, fazendo com que o objeto externo deixe de ser vivido como ameaçador. O processo de integração do aspectos amorosos e destrutivos do bebê dá início à posição depressiva, na qual o bebê já tem condições de reconhecer um objeto total, estabelecendo uma relação de objeto total e não mais parcial (com aspectos ou partes dissociadas do objeto) como é na posição esquizo-paranóide. Este reconhecimento tem duas conseqüências: por um lado implica na percepção de que o objeto é separado e tem vida própria, o que dá origem a sentimentos de desamparo, dependência e ciúme no bebê; por outro, leva a sentimentos hostis gerando o mêdo de ter destruído o objeto amado e a ansiedade depressiva típica desta posição, a qual sempre se acompanha de culpa e tentativas de reparação.
Ao não suportar a ansiedade depressiva e suas conseqüências (percepção da própria hostilidade e a culpa dela decorrente), o ego lança mão de um conjunto de mecanismos de defesas: cisão, idealização, identificação projetiva, negação e controle onipotente, que atuam em conjunto formando a defesa maníaca.

Clínica
Para evitar os sentimentos depressivos (reconhecimento da hostilidade e culpa), o funcionamento deste conjunto de mecanismos de defesa gera uma certa exaltação do humor, um certo grau de euforia, que nos casos mais leves pode ser confundida com alegria.
Como esta defesa é também dirigida contra os sentimentos de dependência do objeto, ela engendra o estabelecimento de relações caracterizadas por um controle, um certo grau de desprezo e de triunfo sobre o objeto.
Embora descritas como componentes dos primeiros meses de vida, as posições esquizo-paranóide e depressiva, com suas respectivas ansiedades e defesas, perduram por toda a vida numa oscilação diretamente relacionada com a capacidade do ego lidar com as situações da vida.

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