Definição:
Objeto animado ou inanimado, criado pelo homem ou pela natureza,
utilizado, por vezes cultuado, como substituto de uma pessoa, de uma
função de uma pessoa ou até de uma parte (órgão ou sistema) de uma
pessoa.
Histórico
Este
tema foi estudado por Freud em dois momentos:
nos artigos “Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade” e “Fetichismo” (Edição
Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, vols.VII
e XXI; Ed. Imago, R.J.). Em ambos, o fetiche foi abordado inserido no
tema da
sexualidade e na sua utilização como equivalente simbólico do
pênis feminino. Nesse sentido, o fetiche é o objeto concreto e real que
ajuda alguns homens a lidar com a angústia de castração desencadeada
pela percepção da ausência de pênis na mulher. Ainda relacionado com o
tema, Freud também descreveu a verleugnung
(recusa), mecanismo de defesa que
torna possível a mente funcionar sabendo de algo e, mesmo assim, ao
mesmo tempo, funcionar como se não soubesse.
A
partir desses estudos iniciais de Freud surgiram duas linhas de
pesquisa. Jaques Lacan (1901-1981) e seus discípulos tentaram relacionar
direta e exclusivamente a verleugnung com os quadros clínicos de
perversão. Por outro lado, e também baseando-se nos escritos de Freud,
vários autores demonstraram o uso bem mais amplo da verleugnung e
dos fetiches. Aproximando o fetiche do amuleto, Decio Tenenbaum fala da
função desses objetos mágicos de defender a representação de si mesmo
ameaçada por um determinado conhecimento.(“O
Leito número 5”)
Clínica:
Na
clínica podemos observar a ampla utilização, não restrita à sexualidade,
desses objetos como substitutos daquilo que não se consegue simbolizar.
É a incapacidade de abstração e de simbolização, funções do
ego, que engendra a necessidade deste tipo objeto.
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