Equação simbólica
 

Definição
Expressão verbal na qual se observa uma eqivalência entre o símbolo e o objeto simbolizado.
Esquema cognito-afetivo que modula a compreensão da experiência vivida e da percepção do mundo. 

Histórico
Conceito criado por Hanna Segal, psicanalista de origem polonesa, formada em psicanálise pela Sociedade Britânica de Psicanálise, discípula de Melanie Klein, com quem se analisou e trabalhou por muitos anos. Desde muito cedo se dedicou à análise de psicóticos e se interessou por diversos aspectos do processo de simbolização. Foi em seu artigo (1957) "Notas a respeito da formação de símbolos" (A Obra de Hanna Segal: uma abordagem Kleineana à prática clínica. Ed. Imago, R.J., 1982) que elaborou este conceito. No artigo, a autora relaciona a formação de símbolos às relações objetais e afirma que, emtermos psicológicos, o simbolismo é uma relação entre o ego, o objeto e o símbolo.
Considerando-se a maneira peculiar que os pacientes psicóticos manipulam os símbolos, na época considerava-se que o pensamento esquizofrênico era "concreto" no sentido de que estes pscientes lidariam com os símbolos como se fossem os objetos simbolizados. É justamente neste sentido que a autora define a equação simbólica como sendo a base do suposto pensamento concreto presente na esquizofrenia. Como exemplo clínico, apresenta a história de um paciente que ficou incapaz de tocar violino porque esta experiência era vivida por ele como se  estivesse se masturbando em público. Portanto, o paciente estaria equivalendo "concretamente"o violino a seu pênis. 

Desenvolvendo o tema, Tenenbaum (Investigando Psicanaliticamente as Psicoses. Ed. Rubio, R.J., 2010) afirma que tal tipo de inibição não é exclusiva de pacientes psicóticos e, strictu sensu,pensamento concreto é uma contradição em termos. Este autor não vê nenhuma diferença qualitativa entre os processos simbólicos de pessoas normais, pacientes neuróticos e psicóticos, e sim diferença em relação à consciência: nos pacientes psicóticos o processo primário de pensar (a fantasia masturbatória) invadiu a consciência, o que não ocorre com pessoas normais e pacientes neuróticos. Nestes, a fantasia permanece inconsciente. A presença de processo primário de pensar na consciência também pode ser observada em criança, quando a barreira entre consciente e inconsciente ainda não se estabeleceu. Por isso é possível se observar uma criança brincando com uma caixa de fósforos como se fosse ela fosse um carro, mas sabendo, ao mesmo tempo, que não é um carro. 

 

Clínica
Como afirma Hanna Segal, perturbações nas relações objetaispodem acarretar perturbações na formação de símbolos.
A partir de seus estudos sobre a construção de vínculos, Eksterman redefiniu a equação simbólica como sendo um esquema afetivo-cognitivo construído a partir de uma experiência não elaborada que passa a modular a compreensão da experiência vivida e a percepção do mundo.

retorna