Ansiedade/angústia
 

Definição
Na psicopatologia, estes termos são empregados para designar um estado afetivo penoso, caracterizado pela expectativa de algum tipo de perigo que se revela indeterminado e impreciso, e diante do qual o indivíduo se julga indefeso.

Na psicanálise, designam, quase que indistintamente, o estado afetivo desencadeado nas situações vividas como ameaça externa ou interna à integridade do self  ou de algum de seus aspectos. Também podem aparecer nas situações de bloqueio da realização da finalidade de uma pulsão e na ameaça de perda de um objeto investido libidinalmente.

Na teoria do apego, designam o estado aflitivo de perigo que surge na ameaça de perda do objeto amado dentro de um vínculo inseguro.

A filosofia emprega quase exclusivamente o termo angústia para designar o sentimento de ameaça impreciso e indeterminado inerente à condição humana em decorrência da consciência da finitude existencial.

Histórico
Na primeira concepção freudiana, a ansiedade ou angústia é uma das transformações que a
libido não satisfeita (por repressão ou insatisfação) pode sofrer. Assim, na
neurose de ansiedade ou de angústia a carga afetiva separada da representação pela
repressão é liberada na forma de ansiedade ou angústia. Nesta época, a ansiedade é
entendida, dentro do referencial da teoria libido como uma das conseqüências da repressão.

No âmbito da reformulação de suas teorias realizada na segunda década do século vinte e
conhecida como segunda tópica , Freud também reformulou suas concepções sobre a
ansiedade. Na teoria estrutural, ela passou a fazer parte do ambiente egóico, e
entendida como um estado afetivo desencadeador dos mecanismos defensivos do ego. Assim,
surgiram os conceitos de angústia sinal, angústia real e angústia automática (Inibições, Sintomas
e Angústia
in Edição Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, vol. XX,
Ed. Imago, R.J.).

Os estudos das etapas primitivas do desenvolvimento e de seus respectivos vínculos afetivos
permitiram importantes avanços neste campo. Melanie Klein desenvolveu estudos sobre a
angústia de aniquilamento; W. R. Bion estudou a ansiedade psicótica; Donald Winnicott, René
Spitz, Eric Erikson e Margareth Mahler pesquisaram as ansiedades presentes no processo de
separação-individuação e John Bowlby descreveu o vínculo de apego (Apego, Perda e
Separação
, Ed. Martins Fontes, S.P.) e relacionou o surgimento da ansiedade com as situações
de ameaça de perda do objeto, acrescentando que tal só ocorre dentro de uma relação de
apego inseguro.

 

Tipos de ansiedade/angústia

- Ansiedade/angústia sinal: expressão em menor escala da ansiedade/angústia vivida
primitivamente em alguma situação traumática e que o ego utiliza nas situações de perigo para
desencadear os mecanismos defensivos e assim evitar que ele seja submerso pelo afluxo de
excitações.

- Ansiedade/angústia real: é aquela desencadeada diante de uma ameaça real para a pessoa,
em contraste com a angústia neurótica desencadeada por conteúdos pulsionais.

- Ansiedade/angústia automática: é aquela desencadeada nas situações de perigo externo ou

interno.

- Ansiedade/angústia de aniquilamento ou de morte: ansiedade primitiva relacionada com

experiências de destruição do self)..

- Ansiedade/angústia de castração: típica da fase fálica do desenvolvimento psicossexual, é

aquela que surge quando a ameaça é vivida como sendo dirigida diretamente ao pênis ou a

algum equivalente simbólico.

- Ansiedade edípica: desencadeada nas situações inconscientemente relacionadas com o

complexo de Édipo.

- Ansiedade/angústia de separação: para alguns autores ela é inerente ao processo de

separação–individuação enquanto que para outros seu aparecimento denuncia uma relação

diádica insegura.
- Ansiedade/angústia paranóide ou persecutória: é o medo de ser destruído pelo objeto vivido

como um perseguidor.
- Ansiedade/angústia depressiva: é o medo de ter destruído o objeto amado.
- Ansiedade hipocondríaca: desencadeada pelo medo de ter alguma doença grave e incurável

em um cenário no qual o interior do corpo é vivido como um objeto persecutório.
- Ansiedade fóbica: desencadeada quando a pessoa se vê diante de um objeto, um animal,

uma pessoa ou uma situação vivida como ameaçadora à integridade do self.

 

Clínica

São descritos quatro tipos de ansiedade/angústia: a vital, a existencial, a neurótica e a psicótica.

 A psicanálise tem se detido no estudo da angústia neurótica (relacionada com as experiências

de separação, perda e castração) e psicótica (relacionada com experiências de

desorganização do ego como a despersonalização, desrealização e a perseguição)

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