Ambivalência
 

Definição
Presença simultânea de tendências, atitudes e/ou sentimentos opostos para com outra pessoa, coisa ou situação.

Histórico
O termo foi cunhado por Eugène Bleuler (1857-1939), psiquiatra suiço, diretor (1898-1927) do Hospital Burghölzl no qual trabalharam como assistentes Karl Abraham, Carl Gustav Jung, Eugène Minkowski e Ludwing Binswanger. Manteve correspondência com Freud e foi co-diretor do “Jahrbuch für psychoanalytische und psychopathologische”, revista criada por Freud em 1908. Em 1911 publicou o trabalho intitulado “Dementia praecox ou o grupo das esquizofrenias”, no qual desenvolveu a idéia de que a Demência Precoce de Kraepelin
não constituía uma única doença e sim um conjunto de afecções com traços comuns, sendo o principal a cisão da mente. Esquizofrenia, literalmente mente dividida.

Freud utilizou inicialmente este conceito para falar dos pares opostos das pulsões componentes (atividade/passividade, sadismo/masoquismo, exibicionismo/escopofilia). Usou-o também para falar da existência simultânea da transferência positiva e negativa e, também o empregou no bojo de sua concepção dualística das pulsões (sexualidade X autoconservação e Eros X Tanatos).

Karl Abraham (1877-1925), que escreveu importantes trabalhos correlacionando as psicoses com as teorias psicanalíticas de então, tomou e desenvolveu este conceito como uma categoria genética que permitiria especificar a relação objetal própria de cada fase libidinal. Para este autor, haveria uma fase pré-ambivalente, a oral primitiva, a ambivalência surgiria na fase oral-sádica, depois a pessoa aprenderia a poupar seu objeto e a salvá-lo da sua destrutividade e, por fim, ela seria superada na fase genital, por ele considerada pós-ambivalente.

Ao contrário de K. Abraham, Melanie Klein (1882-1960) considerava a ambivalência como um dos elementos fundamentais do funcionamento mental, presente desde seus primórdios.

Clínica
Em seu sentido mais geral, a ambivalência é universal já que a afeição geralmente é complicada pela hostilidade e muitas relações hostis são temperadas pela afeição. Quando a força dos sentimentos opostos aumenta ao ponto da ação se tornar inevitável e, ao mesmo tempo, inaceitável, a ambivalência é reprimida e assim apenas um dos polos consegue alcançar a consciência. A hostilidade é reprimida com mais freqüência, mas a afeição
também pode sofrer esta vicissitude. A percepção adequada do componente reprimido e sua comunicação ao paciente costuma ter efeito terapêutico.

Ela é mais facilmente identificada em certas afecções (psicoses e neurose obsessiva) e em certos estados afetivos especiais como o ciúme e o luto.

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