Resumo da Reunião Clínica
 

Uma mulher de pouco mais de cinquenta anos, solteira, foi encaminhada para tratamento no C.M.P. com o diagnóstico de síndrome do pânico feito pelo seu clínico, que a vem medicando com a medicação antidepressiva usual nestes casos. A paciente relatou que há treze anos apresenta episódios nos quais tem a impressão de enrijecimento subindo pela nuca, sua lingua parece aumentar de tamanho e fica dormente. Em seguida, a dormência se estende ao braço esquerdo e à mão esquerda. Por vezes sua perna esquerda também fica dormente. Tudo isso é acompanhado pela aceleração dos batimentos cardíacos e por uma opressão no peito que culmina na sensação de morte iminente. A paciente relatou ainda que essa sintomatologia se iniciou no dia em que, ao voltar para casa do trabalho, notou um movimento estranho perto da sua residência e teve receio de que algo grave, fatal, acontecera com seu filho, que na época ainda bem pequeno. Havia se separado há pouco tempo. Desde então se preocupa intensamente com o bem estar do filho.

A discussão do caso clínico foi iniciada pelo diagnóstico diferencial entre síndrome do pânico e histeria de converão. Ressaltou-se que a sintomatologia relatada pela paciente, de hipertonia muscular da nuca seguida de parestesias que se assemelham aos sintomas do infarto do miocárdio, inclusive com taquicardia e opressão pré-cordial, são tipicas da histeria de conversão. Em seguida, examinando-se o funcionamento psicodinâmico da paciente a partir das associações e metáforas utilizadas por ela, foi consensual que a sintomatologia está
relacionada com a repressão do desejo de morte do filho desencadeada pela separação conjugal, e com o sentimento de culpa dele decorrente. Finalmente, discutiu-se possíveis estratégias clínicas para a abordagem do material inconsciente e reprimido.