Resumo da Reunião Clínica
 

Uma mulher de pouco mais de sessenta anos foi internada para investigação diagnóstica e tratamento de uma ebre de origem obscura. O acompanhamento pela Psicologia Médica foi solicitado em virtude da paciente estar muito ansiosa e isolada na enfermaria, além de descuidada com sua aparência e com o semblante triste. A paciente vive sozinha em área rural com pouca densidade populacional há vários anos, desde que seu filho caçula morreu em um acidente ainda no início da adolescência. Apesar de ter outros filhos e netos não os procura para não incomodá-los, preferindo a ajuda de uma vizinha. O filho falecido era especial para ela: desde bem jovem cuidava e se preocupava com ela. Ela própria perdeu os pais ainda criança, o que a obrigou a começar a trabalhar ainda adolescente. Foi abusada sexualmente em seu primeiro emprego. Há poucos meses começou a apresentar episódios de febre alta que não cederam completamente com o uso de medicação antipirética habitual. Está internada há pouco mais de uma semana e todos os exames complementares apresentaram resultados dentro dos limites normais de variação. A febre cedeu completamente com o uso de antibióticos por via venosa. A pesquisa diagnóstica continua.

Discutindo-se as repercussões psicossomáticas de experiências traumáticas, aventou-se a possibilidade de ser este um caso de febre cujos episódios febris estão relacionados com a dificuldade de se lidar com determinadas experiências vividas, que por essa razão se tornam traumáticas. E, nesse sentido, ficou estabelecido que  o objetivo da Psicologia Médica com essa paciente é diminuir o estresse relacionado com o desejo inconsciente de morrer para estar novamente com o filho querido, cuja perda a paciente ainda não conseguiu elaborar.