Resumo da Reunião Clínica
 

Uma mulher de pouco mais de sessenta anos, de aparência descuidada, casada e mãe de um filho, foi encaminhada para acompanhamento ambulatorial com a Psicologia Médica com o diagnóstico de depressão. Efetivamente se queixava de ter recebido pouco amor de sua mãe e de um desinteresse geral. Na primeira entrevista afirmou não acreditar que um tratamento psicoterápico pudesse ajudá-la, pois o que busca na vida desde criança é o amor da sua mãe, que nunca teve e como ela faleceu há mais de dois anos ninguém poderá ajudá-la. Por outro lado, seu pai nunca assumiu a paternidade e pouco participou de seu crescimento. Relatou que foi criada pela avó enquanto sua mãe só pensava em farrear; na juventude não aceitou o pedido de casamento do namorado e acabou casando sem estar apaixonada e com um homem pouco interessado em trabalhar. Manteve o casamento mesmo sabendo que o marido tinha outras mulheres; atualmente é ela que praticamente sustenta a casa.

Inicialmente, procedeu-se ao diagnóstico diferencial entre as diferentes formas de apresentação da doença depressiva e a existência de um sentimento crônico de infelicidade, que parece ser o caso dessa paciente. Em seguida, examinando-se a dinâmica mental da paciente, localizou-se a origem desse sentimento no precário desenvolvimento da identidade feminina decorrente de conflitos com a própria sexualidade e projetados na figura materna. Finalmente, discutiu-se a função das entrevistas diagnósticas e a importância da História da Pessoa como instrumento diagnóstico.