Resumo da Reunião Clínica
 

Uma mulher de quase cinquenta anos, solteira, mãe e avó, foi reinternada com um quadro de esclerose lateral amiotrófica, com dificuldade de engolir, de andar e diminuição da força dos membros superiores, apenas alguns meses após sua primeira internação, quando apresentou uma paraparesia flácida arreflexa de predominância cervical. A paciente ficou internada por quase duas semanas, nas quais seu estado de ânimo manteve-se positivo, apesar de consciente de todos os aspectos relacionados com a doença (o tipo de evolução, o prognóstico e o significado da piora do seu quadro clínico) e apesar da história de vida difícil, na qual não faltaram maus tratos físicos, dificuldades econômicas sérias, traição e abandono.

 

Discutiu-se, inicialmente, os efeitos psicológicos, na equipe de saúde, do atendimento a pacientes portadores de doenças graves, de etiologia ainda desconhecida, com quadros clínicos cujas evoluções são extremamente graves e progressivamente incapacitantes, acompanhadas ainda por lucidez de consciência e cujo final é a síndrome do encarceramento, como é o caso da doença desta paciente. Em seguida, debateu-se sobre o papel dos mecanismos de defesa e sobre os critérios clínicos que devem ser utilizados para se intervir nas defesas psicológicas dos pacientes. Finalmente, fez-se uma crítica ao conceito de resiliência em Psicologia Médica.