Resumo da Reunião Clínica
 

Uma senhora de mais de sessenta anos, casada, com filhos e netos, foi internada para a retirada de um tumor cerebral. Filha de pais drogados, ela e os irmãos foram criados em diferentes orfanatos, com raras visitas dos pais. A paciente adaptou-se bem à instituição em que foi criada, de onde diz guardar boas lembranças, e de lá saiu para trabalhar como babá. Casou-se no final da adolescência. Seu comportamento na enfermaria é sempre solícito, está sempre ajudando a enfermagem a cuidar das pacientes e a equipe de limpeza no asseio da enfermaria. Não relata nenhuma queixa e o único sintoma que apresenta é um pequeno esquecimento. Diz estar muito melhor que as demais pacientes e que tem quatro pequenos tumores que precisam ser retirados de sua cabeça, embora tenha sido devidamente informada sobre o tamanho do tumor e as dificuldades cirúrgicas relacionadas com o tamanho e a localização da única tumoração que apresenta na região frontal. A paciente aguarda a cirurgia.

O caso deu ensejo a que se discutissem as repercussões no desenvolvimento psicológico de pessoas criadas em instituições de caridade. Dentre elas foram ressaltadas a frequência com que se observa a dificuldade dessas pessoas estabelecerem vínculos e como é comum a necessidade delas se sentirem úteis e o funcionamento mental superegóico denotando a ausência de um espaço mental próprio. Finalmente, discutiu-se a melhor técnica de se lidar com a negação da paciente no preparo psicológico pré-operatório.