Resumo da Reunião Clínica
 

Uma paciente de pouco mais de 30 anos, solteira, foi encaminhada pela médica-assistente para acompanhamento ambulatorial pela Psicologia Médica com o diagnóstico de depressão e transtorno de ansiedade. A paciente é uma mulher de boa aparência, bonita, que se veste de modo discreto e elegante. Filha única de mãe solteira e pai desconhecido, relatou que seus problemas começaram na infância por não saber nada sobre seu pai e sobre os motivos que levaram sua mãe, grávida e com mais de 30 anos na época, a interromper o noivado às vésperas do casamento. Sabe apenas que o pai desapareceu depois que a ex-noiva não aceitou reatar o noivado. Sente-se a própria filha bastarda, rejeitada por toda a família, inclusive pela própria mãe, e com importantes dificuldades afetivas. Assim começou a trabalhar mudou-se com a mãe para longe dos familiares e interrompeu todo o contato com eles. Com poucos meses de tratamento as queixas desapareceram, a paciente reatou o contato com os familiares e interrompeu o tratamento.


O primeiro ponto discutido foi o valor e a importância dos diagnósticos, fenomenológico e psicodinâmico. Em seguida, procedeu-se à diferenciação entre uma queixa de depressão e o sentimento crônico de amargura, assim como entre a queixa de rejeição e o sentimento crônico de humilhação. Em relação ao diagnóstico psicodinâmico, foi consenso que o sofrimento da paciente girava em torno de um drama de legitimação. Finalmente, abordou-se a interrupção abrupta do tratamento em meio a uma melhora e discutiu-se os limites terapêuticos.