Resumo da Reunião Clínica
 

Uma mulher de pouco mais de 30 anos, casada e mãe de 2 filhos procurou atendimento médico com dores e dormência pelo corpo. Natural da região nordeste do país, veio para o Rio assim que casou, ainda adolescente. Após o nascimento dos filhos seu marido passou a maltratá-la e a exigir que trabalhasse para ajudar nas despesas de casa. Pouco tempo depois, uma irmã veio morar com ela e passou a pressioná-la a não aceitar os maus tratos do marido. As brigas entre ela e o marido e entre ela e a irmã se tornaram frequentes, e há aproximadamente 10 anos surgiram problemas gástricos e depois dores e dormência pelo corpo. No momento acha que a convivência está impossível e acredita que a melhor solução é separar-se, ir embora com os filhos, mas tem medo de ficar maluca porque existem casos de doença mental e de suicídio na sua família. Antes de iniciar o tratamento ambulatorial com a Psicologia Médica, a paciente teve algumas consultas com um psicólogo que a diagnosticou como portadora da síndrome do pânico. Depois, foi a um psiquiatra que lhe diagnosticou uma depressão e a medicou. Ela recém iniciou o tratamento no ambulatório da Psicologia Médica.

O primeiro tema discutido foi a inadequação dos diagnósticos fornecidos à paciente, pois não há nenhum sinal evidente de síndrome do pânico ou de depressão. A aflição da paciente, seu medo de enlouquecer ou de se matar, e os sintomas funcionais que está apresentando estão todos relacionados com a dinâmica inconsciente que se instalou entre a paciente e a irmã se sobrepondo ao conflito conjugal. Parece que a chegada da irmã no meio do conflito conjugal desencadeou uma disputa edípica inconsciente pela posse do marido. Provavelmente por isso a paciente não consegue encontrar uma solução satisfatória para seu problema conjugal porque separando-se estará deixando o marido para a irmã. É sabido que conflitos duradouros e sem solução funcionam como agentes estressores, gerando sintomas funcionais. O último tema abordado foi a responsabilidade da terapeuta na condução desse tratamento, pois o destino de 5 pessoas está envolvido na solução desse caso.