Resumo da Reunião Clínica
 

Um homem de quase 30 anos, casado, pai de um filho e de outro a caminho, foi internado com dores articulares iniciadas há 1 ano. O exame físico do paciente não evidenciou nenhuma alteração articular e todos os exames laboratoriais foram negativos para doença reumática. Por ser filho de uma portadora de lúpus, a equipe solicitou atendimento da Psicologia Médica por acreditar que o paciente estava identificado com sua mãe.
O paciente informou que sua mãe apresentou a primeira crise de lúpus quando ele era criança, o que o levou a ajudá-la nas tarefas domésticas e no cuidado das irmãs menores. Por causa disso, passou a ser criticado e acusado de ser homossexual pelo pai, que sempre fez uso regular e abusivo de bebidas alcoólicas, além de não ajudar em casa e nem contribuir com o sustento da família. O paciente saiu de casa na adolescência após receber uma surra do pai. Viveu na rua, bebendo e se drogando por três anos. Foi resgatado pela mãe e o maior estímulo a abandonar as drogas foi descobrir que sua namorada na época, sua esposa agora, estava grávida dele.
As dores do paciente surgiram quando ele soube que iria ser promovido e passaria a exercer a função que sempre sonhou desempenhar no seu trabalho. O paciente continua internado.

A partir da história clínica do paciente, discutiu-se, inicialmente, o diagnóstico de neurose de fracasso. Em seguida, abordou-se a psicodinâmica do processo identificatório do paciente com seus genitores: com a mãe, através da idéia de doença e, com o pai, através da sobreposição dos locais atingidos pelas agressões paternas com os locais atingidos pela dor. Finalmente, foi ressaltada a indicação da continuidade do acompanhamento psicológico do paciente após sua alta da enfermaria.