Resumo da Reunião Clínica
 

Uma moça de 20 anos, estudante universitária, solteira e filha caçula de um pai que sempre controlou o lazer da filha por acreditar que "mulher que sai à rua é prostituta", e uma mãe evangélica, “muito religiosa”, foi internada por apresentar dores nos membros inferiores e paralisia de membro inferior esquerdo há pouco mais de 6 meses. Internou-se pouco antes do seu 21° aniversário e estava muito animada com a proximidade da data por significar sua maioridade e ansiar se tornar independente dos pais, poder sair, namorar etc. Durante a internação, seu quadro evoluiu rapidamente para a tetraplegia e foi constatada a presença de uma tumoração benigna pressionando a coluna cervical. A paciente mantinha-se esperançosa e animada com a perspectiva de ser operada para a descompressão da medula óssea e a possível retirada do tumor, o que não foi possível porque durante a cirurgia constatou-se que a massa tumoral era uma má-formação venosa impossível de ser retirada devido ao risco de sangramento e morte da paciente. O estado de ânimo da paciente começou a mudar para o desânimo e a desistência diante da perspectiva de não recuperar mais seus movimentos e passar o resto da vida completamente dependente de seus pais, agravada pela dificuldade demonstrada pelos pais em preparar a casa para receber a filha agora tetraplégica. Chegaram a pensar em colocar a filha em uma clínica para deficientes. Nesse momento, o reaparecimento do irmão, com que estava sem falar a alguns anos, tomando a dianteira nos cuidados da paciente foi crucial para reanimá-la. Após 4 meses de internação, a paciente saiu de alta indo para casa com novas perspectivas pois seus professores foram avisados do seu problema e estavam pensando em como ajudá-la a retomar os estudos.

A discussão centrou-se no papel do psicólogo no atendimento a pacientes nessa situação e a importância fundamental da manutenção da esperança desses pacientes foi ressaltada.