Resumo da Reunião Clínica
 

Um homem de pouco mais de 40 anos, solteiro, foi internado com febre vespertina, tosse, sudorese noturna, diarréia, cansaço e emagrecimento acentuado. Os exames complementares confirmaram o diagnóstico de AIDS acompanhada por tuberculose pulmonar e trombose venosa profunda.
Órfão de pai e mãe desde o início da vida adulta, vive completamente afastado de seus irmãos e demais familiares há muitos anos. Faz uso regular e constante de bebidas alcoólicas, com episódios frequentes de uso abusivo, desde os 14 anos. Foi pai aos 19 anos, mas teve pouco contato com o filho, fruto de um namoro de adolescência. Esse filho foi morto em um baile funk aos 18 anos. Sempre teve vida sexual intensa e promíscua, sem nenhum cuidado. Mesmo sabendo de sua doença manteve esse comportamento, inclusive com a atual namorada.
Seu relato revelou um estado de humor depressivo, com frequentes idéias suicidas há muitos anos. Por vezes chegou a afirmar já estar morto. Apresentava também algumas idéias de cunho persecutório. Em relação à sua doença, oscilava entre a negação e a revolta com planos de vingar-se das pessoas com quem poderia ter se contaminado.

Apresentando as principais características da psicologia dos excluídos (depressão crônica sub clínica com idéias suicidas, que costuma ser vencida com drogas, sexo ou comida; sentimentos de raiva e desejo de vingança com ausência de culpa), a discussão girou em torno dos limites assistenciais na abordagem desse tipo de paciente, tanto no nível institucional quanto no individual.