Resumo da Reunião Clínica
 

Uma mulher de quase cinquenta anos iniciou acompanhamento neurológico em regime ambulatorial para pesquisa diagnóstica de epilepsia por apresentar desmaios precedidos de vômitos e cefaléia, que tiveram início aos 24 anos, após o término do relacionamento com aquele que ela considera ter sido o homem da sua vida. Foi encaminhada para tratamento psicológico devido a choro fácil e esquecimento.
Filha única por parte de pai, de quem sua mãe se separou ainda grávida, foi criada pela patroa da mãe quando esta se casou novamente. Voltou a viver com a mãe aos 9 anos e relata ter sido abusada pelo padrasto, em troca de dinheiro e presentes, até que resolveu enfrentá-lo aos 14 anos. Aos 18 anos foi expulsa de casa pela mãe por mau comportamento e desde então sente necessidade de estar sempre em contato com ela para protegê-la. Há mais de vinte anos vive insegura em um casamento com um homem muito mais velho, que nunca a assumiu como esposa. Nutre um enorme receio da filha do primeiro casamento do marido prejudicar o filho adolescente do casal quando o pai de ambos falecer. A necessidade de estar sempre em contato com a mãe e de protegê-la diminuiu em poucas consultas, assim como a paciente voltou a procurar trabalho. A paciente continua em tratamento.

Discutiu-se, inicialmente, a característica ambivalente da relação entre mãe e filha, e a culpa edípica da paciente relacionada com a possível participação inconsciente dela no abuso sexual que sofreu durante tantos anos sem denunciar. Em seguida, foram abordadas as diferentes técnicas psicoterápicas para se lidar com o sofrimento dos pacientes. A reunião foi encerrada com a referência às pesquisas atuais sobre o desencadeamento de patologias somáticas por fatores psicológicos.