Resumo da Reunião Clínica
 

Uma mulher de pouco mais de trinta anos, casada, mãe de dois filhos pequenos, foi encaminhada, por seu médico-assistente, para acompanhamento ambulatorial, que iniciou recentemente. Portadora de vitiligo desde sua primeira gravidez, durante a qual precisou fazer repouso absoluto pelo risco de abortamento, disse que o que mais sentiu, chegando a ficar sem rumo, foi ter parado de trabalhar, pois é a coisa que mais gosta de fazer. Como teve uma segunda gravidez pouco depois da primeira, só agora pôde voltar a trabalhar, o que melhorou muito seu estado de espírito. Sobre seus familiares, disse se relacionar muito bem com seu pai, apesar da rigidez dele, e com seu irmão, mas ter muitas dificuldades com a irmã, criada com muito mais liberdade do que ela, e com a mãe, que nunca se recuperou da perda do filho mais velho com quatro meses. Por coincidência, a paciente nasceu no mesmo dia deste irmão, apenas um ano depois..

O caso foi considerado ilustrativo da relação entre estresse crônico, patologia dos vínculos e doença orgânica. Como em outros casos já apresentados, neste também podemos ver o surgimento de estresse na vigência do rompimento de uma relação diádica, pois, pelo relato da paciente, podemos inferir que para ela o trabalho era muito mais do que uma realização profissional e/ou um meio de sustento. Pela desorganização que a paciente viveu ao ter que interromper essa atividade e o estresse subsequente, foi no trabalho que ela, como muitos “workalcoholics”, encontrou seu espaço de segurança. Como em vários casos também já apresentados, neste podemos ver o aparecimento de vitiligo em uma pessoa com problemas na esfera da sexualidade. Finalmente, discutiu-se a relação entre a biologia e a cultura.

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