Resumo da Reunião Clínica
 

Um homem de cinquenta anos, casado pela quarta vez e pai de quatro filhos, foi encaminhado para tratamento ambulatorial pela sua dermatologista. Portador de vitiligo há mais de vinte anos, este foi o primeiro encaminhamento que recebeu para tratamento psicoterápico, embora faça uso de medicação benzodiazepínica há vários anos. Dizendo-se pessoa que se emociona muito facilmente, tanto para a alegria como para a tristeza, contou que se tornou mais emotivo ainda depois de perder seu filho mais velho, na época com vinte e cinco anos, assassinado com um tiro nas costas. Logo após esta perda ficou dois anos sem trabalhar, mudou-se para fora do Rio e quase não saía de casa. Sente-se até hoje culpado pela tipo de criação que deu a este filho, pois dava tudo para ele, que nunca quis estudar e nem trabalhar, e acabou se envolvendo com quem não devia. Disse que depois deste acontecimento mudou sua maneira de criar os filhos. Após três consultas, nas quais praticamente só falou sobre esta perda, disse, por telefone, que não poderia mais continuar o tratamento por causa da distância e que sua médica o havia encaminhado para um tratamento psicológico mais perto da sua casa.

A discussão foi iniciada pelo exame como é feita a maioria dos encaminhamentos para tratamento psicoterápico e pela importância da interconsulta, não só para melhorar a qualidade dos mesmos como também para evitar situações como a que aconteceu neste caso, em que o tratamento foi interrompido intempestivamente com anuência da médica assistente.
Em seguida, foram ressaltados componentes inconscientes importantes para a compreensão da psicodinâmica deste paciente: o ódio reprimido em relação ao filho como agente estressor e o ganho primário em manter o vitiligo como um castigo, uma marca punitiva, pela culpa do paciente em relação ao rumo da vida do filho.

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