Resumo da Reunião Clínica
 

Uma jovem mulher de vinte anos, excelente aluna, cursando faculdade e solteira, iniciou tratamento ambulatorial por apresentar episódios de enxaqueca e de instabilidade emocional, com sudorese e sensação de desmaio, iniciados há três anos. Veio encaminhada do ambulatório da neurologia aonde vem sendo acompanhada e medicada com drogas antidepressivas em pequenas doses para a enxaqueca.
Contou que seus problemas se iniciaram após algumas discussões familiares quando soube que uma tia foi contaminada com o vírus da AIDS pelo marido e um tio também se contaminou ao fazer uma tatuagem. Notou que começou a sentir-se muito irritada, apresentar crises de raiva seguidas de crise de choro, enxaqueca e vertigem. Passou a sentir-se muito confusa, sem saber o que fazer na vida, seu rendimento escolar diminuiu e passou a ter medo de fracassar na vida. Não conseguiu chegar no horário nas primeiras consultas, estava algo eufórica, inquieta, e com o pensamento um pouco acelerado. Após quatro meses de acompanhamento, um mês a mais do que havia sido previamente estabelecido com a paciente, ela foi encaminhada para outra instituição para dar continuidade ao seu tratamento.

Como já assinalado por Danilo Perestrello (“Medicina Psicossomática”, Libreria Universitaria Editorial, B.Aires, 1963), este caso exemplifica a frequente relação entre enxaqueca e problemas na esfera da sexualidade. A interrupção precoce do tratamento motivada por regras institucionais motivou a discussão sobre critérios clínicos para o atendimento psicológico em um ambulatório de massa. Discutiu-se também os possíveis efeitos colaterais (euforia) do uso da medicação antidepressiva.

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