Resumo da Reunião Clínica
 

Uma mulher de pouco mais de quarenta anos, casada e mãe de uma criança de doze anos, foi internada para retirada de nódulos na tireóide. Portadora desses nódulos há muitos anos sem nenhuma alteração hormonal, com o adoecimento do filho notou que os mesmos começaram a crescer e seu médico indicou a cirurgia para afastar o risco de malignidade. O câncer é uma doença bastante presente na família da paciente: seu filho é portador de um câncer cerebral desde os oito anos de idade, seu pai morreu de câncer no pâncreas e a mãe de câncer nos ossos. Seu único receio, quando se internou, era morrer antes do filho e a paciente tinha certeza que a biopsia iria acusar câncer de tireóide, apesar de ter sido informada pelo seu médico de que a possibilidade disso ocorrer era pequena e que o câncer de tiróide tem um prognóstico muito bom quando retirado precocemente. Pareceu ter ficado um pouco abatida ao saber que a biópsia feita durante a cirurgia não revelou malignidade.

A ausência de ansiedade ou de depressão diante da possibilidade de ter câncer, associada à prevalência da idéia de ter a doença que vários familiares tiveram, levantou a suspeita da existência de uma identificação mórbida da paciente com seus familiares como forma de pertencimento ao grupo familiar. Essa compreensão psicodinâmica levou ao objetivo da Psicologia Médica no atendimento à paciente: retirar o câncer como elemento organizador do espaço de segurança da paciente, estimulando-a a encontrar outros elementos identificatórios e assim prevenir futuras induções iatrogênicas.

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