Resumo da Reunião Clínica
 

Uma mulher de cinquenta anos, hipertensa , casada, mãe de sete filhos, internou-se para uma segunda cirurgia de tireóide decorrente da recidiva de um carcinoma papilífero. Durante seus atendimentos mostrou ser uma mulher muito contida, esforçando-se ao máximo para se manter aparentemente bem e para demonstrar não ter medo de se operar, apesar do reaparecimento da doença e da cirurgia sofrer alguns adiamentos. Além disso, seu filho caçula é deficiente mental e motivo de grande preocupação em relação ao futuro, uma de suas filhas voltou para a casa dos pais com a própria filha depois de ter sido agredida fisicamente pelo marido e o marido da paciente ficou com sequelas neurológicas após uma recente doença. Para a paciente, nenhuma dessas circunstâncias foi uma completa novidade porque ela sempre tem sensações peculiares que a avisam quando as coisas não vão bem. A paciente não apresentou nenhum pico hipertensivo, a cirurgia foi realizada com sucesso e ela foi encaminhada para o INCA para dar continuidade ao tratamento.

A discussão girou em torno de qual seria a especificidade do acompanhamento psicológico desta paciente, cuja psicodinâmica se caracterizava por uma opressão superegóica e autodestrutiva: todo acontecimento ruim em sua vida apenas confirmava a sensação de que ela tinha algo de ruim dentro dela, daí a sensação de que ela já sabia que algo de ruim estava para acontecer. Assim, não é difícil de entender o esforço da paciente em negar o medo de se operar e também o risco de ocorrer um pico hipertensivo no pré-operatório ou alguma intercorrência psicossomática no per e no pós-operatório.

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