Resumo da Reunião Clínica
 

Um homem de quase cinquenta anos, viúvo, casado em segundas núpcias, pai de cinco filhos e praticante de lutas marciais, foi internado para se submeter à biópsia de um nódulo localizado no pescoço. Apesar da sua primeira esposa ter falecido de câncer, que começou com dores no pescoço, e o paciente estar perdendo peso há algum tempo, ele só começou a se preocupar com o nódulo recentemente, quando passou a sentir dificuldade em se manter em pé. Só era visitado pela esposa, e ele mesmo dizia não querer receber visitas. Nos atendimentos com o membro da equipe de Psicologia Médica associada à enfermaria gostava de falar das lutas, dos golpes e de sua perícia, que o habilitava a matar só usando as mãos, mas muito pouco falou sobre si. Estava ansioso com o exame; o contraste entre sua aparência ainda forte, apesar de já ter emagrecido bastante, e o medo de agulha, chamava a atenção. Quase não conseguiu permanecer internado quando o procedimento precisou ser adiado. O resultado do exame foi negativo para neoplasia e sugestivo de tuberculose.

O grande questionamento que este caso trouxe à reunião foi a demora do paciente em procurar auxílio médico. A partir desse ponto, várias hipóteses foram levantadas, todas associadas com a agressividade do paciente e girando em torno de possíveis culpas que precisariam de expiação. O descaso com a própria saúde levou a se pensar na possibilidade do paciente não prosseguir na pesquisa diagnóstica que precisa fazer.

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