Resumo da Reunião Clínica
 

Uma mulher de quase cinquenta anos, divorciada, mãe de um filho e em tratamento de AIDS, foi encaminhada para acompanhamento ambulatorial pela Psicologia Médica por estar muito ansiosa. Em uso de medicação antidepressiva e ansiolítica, a paciente estava transtornada ao iniciar o acompanhamento pela Psicologia Médica. Olhar tenso, falando rápido, muito alto e usando vários palavrões de forma agressiva, expressou seu ódio, ressentimento e decepção com seus familiares, com seu ex-marido e com seu ex-namorado: todos a usaram, a exploraram financeiramente e a abandonaram, o último também a contaminou com o HIV antes de deixá-la. Seu estado de ânimo mostrou alguma oscilação entre a exaltação raivosa e a tristeza profunda, com desejos suicidas, durante as consultas iniciais. No momento continua em tratamento, um pouco menos descontrolada.

A discussão girou em torno de como tratar em um ambulatório de massa uma paciente apresentando um quadro de desorganização mental. Inicialmente debateu-se a questão diagnóstica, o significado da intensa ansiedade e das idéias (delirantes?) de menos valia da paciente. A partir da compreensão psicodinâmica de que o quadro de desorganização mental da paciente, com toda a sintomatologia de revolta e tristeza, é a expressão da desorganização de um ego  incapaz de lidar com a situação de doença grave, foi sugerido que o tratamento deveria focar, inicialmente, na abertura de espaço de elaboração da experiência que a paciente está vivendo. Finalmente, foi também sugerido que se fizesse uma interconsulta com o médico assistente sobre a medicação que a paciente está usando, pois o antidepressivo pode estar contribuindo para o estado de exaltação e para a desorganização mental da paciente.

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