Resumo da Reunião Clínica
 

Uma senhora de mais de setenta anos, mãe de cinco filhos, aposentada, já com voz cansada e trêmula, com semblante triste e olhar distante, foi internada com um quadro agudo de dispnéia em consequência a um edema agudo de pulmão. O atendimento da Psicologia Médica foi solicitado após quase um mês de internação porque toda vez que era levada para fazer determinado exame, a paciente apresentava uma crise hipertensiva que impossibilitava a realização do mesmo. Durante seu acompanhamento relatou sua difícil vida: abandonada pelo companheiro com quatro filhos pequenos, veio procurar trabalho no Rio de Janeiro deixando os filhos com a mãe. Aqui teve outro relacionamento, que também não deu certo e do qual nasceu seu filho caçula. Desde então não quis ter mais nenhum namorado ou companheiro. Mais tarde soube que a mãe havia dado os filhos para a ex-sogra da paciente criar e esta, por sua vez, os distribuiu entre diferentes famílias. Ao saber do ocorrido foi buscá-los, mas só conseguiu resgatar dois porque o mais velho não conseguiu localizar mais e a caçula havia emigrado com pai e um irmão da paciente para outro estado após a morte da mãe da paciente. A menina faleceu aos três anos de um tumor congênito. A paciente teve apenas duas consultas com o membro da equipe de Psicologia Médica associada à enfermaria nas quais ficou evidente que ela estava apenas esperando a morte após uma vida atormentada pela falha com dois de seus filhos. Logo após os dois atendimentos a paciente conseguiu realizar o exame cardíaco que faltava e recebeu alta para dar continuidade ao tratamento em regime ambulatorial.

A discussão girou em torno dos objetivos da Psicologia Médica neste caso: a diminuição do estresse diante do exame e o alívio da ansiedade da paciente relacionada ao prognóstico de sua doença.

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