Resumo de Reunião Clínica
 

Uma moça de quase vinte anos, solteira, foi internada por apresentar fraqueza nos membros superiores e inferiores, iniciada há três meses, progressivamente mais intensa e precedida por uma perda ponderal significativa. Foi-lhe diagnosticado miastenia gravis e o tratamento específico, imediatamente iniciado. A paciente foi transferida para outro hospital para fazer a retirada cirúrgica do timo assim que seu quadro clínico estabilizou e, no momento, recupera-se da cirurgia. Os pais da paciente reagiram muito mal ao diagnóstico: o pai, pessoa de pouca conversa e relacionamento difícil, não aceitou a internação da filha e não foi visitá-la; a mãe ficou muito ansiosa, em diversos momentos mostrou para a filha o quanto sua doença a estava fazendo sofrer e aumentou seu arsenal de críticas ao marido.

Discutiu-se, inicialmente, a psicodinâmica familiar caracterizada pela precariedade parental em exercer as funções paterna e materna, e as repercussões psicológicas na constituição da identidade feminina da paciente. Em seguida, abordou-se um aspecto desta dinâmica que pode ter contribuído para a patogenia: quando insatisfatórias, as relações são substituídas por identificações em um processo que engendra sentimentos ambivalentes em relação às figuras parentais e, conseqüentemente, culpa que, quando existe substrato orgânico ou genético, pode abrir espaço para doenças de auto-agressão como a da paciente. Finalizando a reunião, foram ressaltados alguns aspectos do acompanhamento psicológico a pacientes com doenças graves, incapacitantes e crônicas como a da paciente.

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