Resumo de Reunião Clínica
 
Um homem de quase cinqüenta anos, aposentado, com aparência descuidada e trinta quilos mais magro, foi internado para tratar de diabetes tipo II. Separado de sua segunda esposa, morava com a avó e uma tia, mas desde o final do ano passado está sem residência fixa após ter brigado com as duas. Pessoa belicosa, que se desentende com facilidade, agressivo e por vezes violento, o paciente é filho de pais separados quando ainda criança. O pai faleceu em decorrência de alcoolismo crônico e a mãe está atualmente internada para retirada de um câncer intestinal. Há cinco anos fez tratamento para hanseníase, no curso do qual descobriu estar diabético e há seis meses parou de usar insulina por sentir-se melhor e acreditar estar curado. Relatou que nessa época estava sentindo muita saudade e vontade de rever seu avô, já falecido e muito importante na sua vida e de quem se acha muito parecido, inclusive na agressividade. Além disso, vem se sentido cansado e sem motivação para se cuidar, queixando-se constantemente de que ninguém cuida dele.

Durante a internação passou por alguns incidentes na enfermaria que quase lhe custaram a vida: uma vez engasgou-se seriamente e sofreu dois importantes episódios de hipoglicemia por não se alimentar adequadamente. Sentia-se muito bem no hospital, referia-se aos membros da equipe como uma família melhor do que a dele e dizia preferir ficar internado a voltar para a casa dos familiares.


O primeiro tema a ser discutido foi o hospitalismo do paciente, compreendido como sinal de um quadro depressivo com desistência perante a vida: seu pedido de ser cuidado decorria exatamente do desinteresse em se cuidar e seu estado ao ser internado mostrava que se não fosse cuidado acabaria morrendo.
A partir da distinção entre agressividade e destrutividade, discutiu-se, com profundidade e à luz de diferentes teorias psicanalíticas, a agressividade do paciente.

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