Resumo de Reunião Clínica
 

Um jovem de pouco mais de vinte anos foi internado para investigação diagnóstica de uma parestesia de membros inferiores. Filho de pai ex-etilista e mãe nervosa, pouco carinhosa e distante, seu irmão mais velho não trabalha e o mais novo sofre de transtorno do pânico. Desde jovem se esforça para sentir-se alguém: serviu o exército “para aprender a ser firme” e começou a trabalhar ainda adolescente. Atualmente trabalha em uma empresa onde começou como servente e hoje é auxiliar de escritório. Quase todo seu salário é utilizado no sustento de sua família. Seu sonho atual é se preparar para prestar vestibular e cursar uma faculdade. Diz ser uma pessoa estressada e há alguns meses começou a sofrer de gastrite após o término de um relacionamento amoroso. Recentemente, começou a sentir dificuldade ao caminhar e procurou assistência médica após um episódio de forte lombalgia. Após percorrer alguns postos de saúde sem nenhuma melhora, uma médica conhecida sua internou-o na Santa Casa. Foi sua primeira internação. Nada foi encontrado nos exames complementares e com o passar do tempo o paciente foi se tornando mais ansioso, querelante e de difícil abordagem. Seu desejo era sair de alta, mas tinha receio de desagradar a médica que havia conseguido a internação. Por outro lado, a internação do paciente foi prolongada para a realização de exames complementares mais sofisticados. O paciente saiu de alta sem diagnóstico e com orientação para dar continuidade à investigação em regime ambulatorial.

 

A discussão centrou-se no caráter iatrogênico da internação do paciente. Os aspectos psicodinâmicos do caso e algumas questões técnicas relativas ao diálogo clínico com pacientes difíceis foram brevemente abordados.