Um
homem
de
quase
60
anos
foi internado
por
estar
com
“intestino
preso
e
barriga
inchada”.
Apesar
de todas as
evidências
de
ser
portador
de
cirrose
hepática
alcóolica, dizia
ser
apenas
etilista
social,
sua
ex-mulher,
sim,
era
alcóolatra (sic). De
temperamento
difícil,
sentia-se perseguido
por
quase
todos
e
injustiçado,
chegando a se
igualar
a Jesus na
injustiça,
perseguição e
traição.
Na
enfermaria,
teve
constantes
problemas
e
atritos
com
a
enfermagem
e
com
outros
pacientes,
sempre
alegando
estar
sendo perseguido e
injustiçado.
Não
recebia
visitas
de
quase
ninguém,
embora
ainda
tivesse
pai
vivo
e
vários
irmãos
e irmãs. Vivia
quase
isolado
em
sua
casa
e lamentava
muito
a
perda
da
mãe,
a
única
pessoa
que
sentia
que
gostava dele e
era
por
ele
idealizada. A
primeira
reação
à
abordagem
do
membro
da
equipe
de
Psicologia
Médica
associada
à
enfermaria
foi de
surpresa
e desconfiança,
que
aos
poucos
foi mudando ao
ponto
de
chegar
a
dizer
que
“sempre
haverá uma
cadeira
aqui
para
você
sentar
e a
gente
conversar”.
De
fato,
parecia
que
era
a
única
pessoa
com
quem
se sentia
bem
na
enfermaria.
Ainda
sem
ter
o
diagnóstico
firmado, o
paciente
foi
repentinamente
transferido
para
outro
hospital.
A
discussão
se inicou
pelo
reconhecimento
da
dificuldade
em
se
atender
uma
pessoa
cuja
dinâmica
mental
era
claramente
paranóide,
embora
não
psicótica:
sentia-se
constantemente
injustiçado
e perseguido,
enquanto
que
seu
comportamento
era
dissimuladamente
agressivo.
Seu
sentimento
de
injustiça
se baseava na espectativa de
amor
e
aceitação
incondicional,
enquanto
que
o
sentimento
persecutório
era
atribuído à
inveja
alheia
por
seu
uma
pessoa
especial
(semelhante
a Jesus
Cristo).
Foi levantada a
hipótese
da
alta
repentina
e
precoce
ter
sido uma
reação
da
equipe
à
maneira
dele
ser
e foi ressaltada a
importância
do acompanhamento da
Psicologia
Médica
ser
o
mais
próximo
possível
do
tratamento
médico.
Foi
também
assinalado
que
a
cisão
entre
a
transferência
positiva
para
como
a
terapeuta
e a
transferência
negativa
para
com
os
demais
membros
da
equipe
ser
o
padrão
de relacionamento do
paciente,
pois
assim
era
também
com
os
pais:
a
mãe
idealizada; o
pai,
o perseguidor.
A
reunião
foi encerrada
após
uma
longa
exposição
sobre
possíveis
estratégias
terapêuticas
para
este
tipo
de
paciente. |