Resumo de Reunião Clínica
 

Um paciente de 25 anos, solteiro, portador de neurofibromatose desde a adolescência, foi internado para retirada de um tumor benigno localizado na medula vertebral. Seu estado de humor era essencialmente queixoso, sempre reclamando que ninguém lhe dava atenção e que todos o evitavam por nojo de sua aparência. Apresentou vários momentos de revolta e desespero, principalmente com a demora da cirurgia e com o fato dos nódulos tumorais, característicos de sua doença, não pararem de aparecer. Precisou ser transferido para outro hospital porque a cirurgia envolvia também a parte óssea e, inicialmente, lá continuou a ser atendido pelo mesmo membro da equipe de Psicologia Médica do CMP que o acompanhava em nosso hospital. Este acompanhamento foi bruscamente interrompido pela chefe do Setor de Psicologia do outro hospital por conta de uma norma lá existente (sic) que não permite o acompanhamento psicológico de pacientes lá internados por profissionais de outra instituição.  

O primeiro tema a ser abordado na discussão foi o processo de auto-estigmatização do paciente, que o afastava das pessoas e induzia o afastamento dos outros. Em relação com este tema, foram também abordados os aspectos contratransferenciais que este tipo de paciente e de doença podem desencadear no terapeuta. Em seguida, discutiu-se as iatrogênias decorrentes da aplicação de normas  que priorizam o aspecto institucional e não o pessoal e relacional.

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