Uma
mulher
de
mais
de 60
anos,
viúva,
foi internada
após
um
desmaio,
a
partir
do
qual
começou a
notar
formigamento
e
fraqueza
em um de seus braços.
Já
havia sofrido
outros
desmaios
anteriormente,
mas
só
procurou
médico
desta
vez
porque
notou a hemiparesia à
direita.
Foi a
um
ortopedista
por
sua
própria
conta
e,
mais
tarde,
por
orientação
de
vizinhos,
procurou
um
neurologista
que
a internou
para
avaliação
diagnóstica.
Na
enfermaria,
estava
sempre
isolada
em
seu
leito,
coberta
até
o
pescoço
e
com
o
rosto
coberto
por
uma
lenço
ou
uma
toalha
de
mão.
Quando
examinada, respondia ao
ser
interrogada,
sempre
com
um
sorriso
nos
lábios,
dizendo
sempre
estar
tudo
bem,
e recebia os
comentários
médicos
de
forma
indiferente.
Por
outro
lado,
seu
olhar
era
triste
e
cabisbaixo;
seu
humor
tendia
para
o polo depressivo. Aos
poucos,
e
sempre
com
uma
certa
má-vontade, falou de
seus
sofrimentos,
que
não
eram
poucos.
Em
pequena
sentia-se preterida
pelo
pai,
que
mostrava
nítida
preferência
por
uma de
suas
irmãs. Aos 16
anos
deixou a
casa
paterna
para
trabalhar,
casou-se, teve
um
casal
de
filhos
e
pouco
tempo
depois
separou-se
porque
o
marido
começou a
beber
e a agredi-la,
física
e
verbalmente.
Rompeu
completamente
os
laços
com
o ex-marido mudando-se de
cidade
e criando os
filhos
sozinha,
motivo
de
orgulho
pessoal.
Perdeu
sua
filha
há
quase
15
anos
e tornou-se envangélica aprendendo a
não
ter
raiva,
só
amor
em
seu
coração
(sic).
Com
muito
emprenho escondia de
si
mesma
a
mágoa
e o ressentimento
que
carregava
em
seu
peito.
Também
não
se dava
conta
do
rancor
que
nutria
quando
não
era
atendida nas
suas
vontades
e
necessidades.
A
paciente
recebeu
alta
logo
que
a
equipe
fechou o
diagnóstico
de
doença
de Parkinson.
Iniciou-se a
discussão
pela
constatação
de
ser
este
mais
um
caso
em
que
se evidencia a
íntima
relação
entre
um
quadro
depressivo e a
repressão
da agressividade. Se,
fenomenologicamente, se
trata
de
um
caso
de
depressão,
psicodinamicamente, a
paciente
apresentava
um
quadro
de retração narcísica
por
rejeição do
vínculo,
tendo instituído
mentalmente
uma
equação
simbólica
entre
não
ser
a preferida,
não
ser
atendida
em
suas
necessidades
e
desejos,
e
ser
abandonada. Uma
vez
estabelecida a
diferença
entre
os
diagnósticos
fenomenológico e psicodinamico
e as respectivas
utilizações,
a
discussão
se encaminhou
para
qual
seria o
objetivo
terapêutico
da
Psicologia
Médica
com
esta
paciente.
Como
todo
paciente
portador
de uma
doença
crônica,
a
paciente
necessitará de acompanhamento pelo
resto
da
vida.
Portanto,
precisa
ser
ajudada a organizar e desenvolver
um
vínculo
permanente
para poder aceitar um médico que a acompanhará pelo resto da vida. Neste
sentido, a decisão sobre o melhor momento para a paciente ter alta deve
levar em conta este aspecto psicológico e não apenas o orgânico. |