Resumo de Reunião Clínica
 

Uma mulher de 53 anos, separada e sem filhos, em tratamento ambulatorial, foi encaminhada à equipe de Psicologia Médica associada à enfermaria por apresentar um quadro clínico caracterizado por depressão e desmaios, com início após a separação conjugal, ocorrida há mais de 10 anos. Desde então vive com uma de suas irmãs, não se cuida e pouco sai de casa. Veio trazida por uma irmã às primeiras consultas, nas quais não mostrou interesse em se tratar, mas, aos poucos, ao contar sua vida e, principalmente, os acontecimentos traumáticos que culminaram na sua separação conjugal, foi deixando sua postura passiva, começou a vir sozinha e a se interessar pelo tratamento. Conduzindo o tratamento no sentido de abrir espaço de fala e focando na melhor elaboração da separação, os sentimentos de raiva do ex-marido, anteriormente veementemente negados, ressurgiram em sua plenitude. Ficou evidente que, mais do que tudo, a traição do marido atingiu o orgulho e o mundo idealizado em que a paciente vivia. Em quatro meses a paciente recebeu alta. Os sintomas depressivos e os desmaios haviam desaparecido e ela estava retomando sua vida.

Começando pelo questionamento sobre o tipo de depressão que a paciente apresentava e sobre as peculiaridades de um tratamento feito conjuntamente por dois profissionais, foram formuladas algumas diferenças entre psicanálise e psicoterapia. Em relação ao funcionamento psicodinâmico da paciente, foram abordados os aspectos narcísicos, feridos com a descoberta da traição do marido, objeto por ela idealizado.
A reunião foi encerrada após serem apontadas e discutidas as relações freqüentemente observadas entre orgulho, humilhação e ódio e entre ódio e depressão.

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