Resumo de Reunião Clínica
 

Uma mulher de pouco mais de 50 anos foi internada para tratar de uma cardiomiopatia dilatada. Era sua sexta internação e fora internada contra a sua vontade quando veio a uma consulta para controle ambulatorial, tal era o grau de descompensação cardiovascular. Durante todo o período em que esteve internada foi acompanhada por um membro da equipe do CMP associada à enfermaria e a tônica deste acompanhamento foi a constante queixa de estar sendo abandonada pelos familiares que não vinham visitá-la. Também não confiava nos médicos, não seguia corretamente as orientações que lhe eram prescritas, não se sentia bem tratada e, embora soubesse que sua doença tinha um desenvolvimento de mais ou menos três anos, achava que ela havia se iniciado na infância por descaso dos pais. Enfim, tinha muitas mágoas e ressentimentos e uma raiva contida muito grande.

Iniciando-se pela parte técnica utilizada nos atendimentos para aproximar a paciente de seus sentimentos hostis e aumentar sua consciência da doença, discutiu-se ampla e profundamente a psicodinâmica da raiva desta paciente. As hipóteses psicodinâmicas levantadas ficaram polarizadas entre a compreensão da raiva como expressão da pulsão de morte ou como decorrente de feridas narcísicas acumuladas ao longo da vida.

retorna