Resumo de Reunião Clínica
 

Ao internar um paciente portador de quadro demencial de origem vascular com desorientação, alterações de memória e comportamentais, o médico assistente solicitou que a esposa fosse acompanhada por um membro da equipe de Psicologia Médica do CMP associada à enfermaria. Ela não sabia mais o que fazer com seu marido, que estava com um comportamento muito estranho em casa e se perdendo na rua, e não contava com a ajuda de ninguém, pois seus dois filhos não se envolviam no tratamento do pai “porque o mais velho bebe desde seus 22 anos, é alcoólatra e usa drogas, enquanto que o mais novo só diz para eu me poupar, mas não se envolve”. Seu humor oscilava entre ansioso e irritado. Com poucos dias de internado, o paciente evadiu-se da enfermaria, o tratamento de ambos foi interrompido e ele foi encontrado vagando perto de casa. Algumas semanas depois, a esposa conseguiu trazer o marido para uma consulta ambulatorial, queixou-se da enorme dificuldade em trazê-lo ao hospital e não mais voltou.

A discussão foi iniciada ressaltando-se a importância da rede social de apoio no tratamento de casos como o apresentado, pois o mais comum é um membro da família ser “eleito” cuidador enquanto que os demais se afastam. Nesse sentido, é tão importante tratar o estresse do cuidador “selecionado” quanto fazer um acompanhamento familiar. Em seguida, evidenciou-se a inadequação do nosso hospital, e da maioria dos hospitais clínicos, para este tipo de paciente que, além de todos os cuidados, necessitam também de vigilância e acompanhamento multidisciplinar. Entrando mais na clínica, falou-se que não houve tempo para a esposa elaborar a perda em vida do marido, o que só pôde ser iniciado, e encerrou-se a reunião discutindo-se a possível reação que a equipe teve em relação ao paciente,  pois o mesmo não recebeu acompanhamento psiquiátrico e nem psicológico.

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