convívio diário com sofrimento, doença e morte, por um lado, pressões e conflitos institucionais frutos de interesses econômicos e políticos, por outro, conjuntamente com os limites assistenciais determinados pela realidade econômica e tecnológica do hospital, fazem da interação entre pacientes e profissionais de saúde um campo prenhe de tensões, pessoais, profissionais e grupais. Estas induzem reações emocionais e comportamentais que diminuem a aliança terapêutica e contribuem significativamente para a ocorrência da iatropatogenia e para o adoecimento e alienação dos profissionais de saúde.

Através do exame da irracionalidade emergente no campo assistencial, seja no paciente, na família ou na equipe de saúde, o propósito da pesquisa que ora apresentamos foi a identificação das principais tensões psicológicas presentes na prática assistencial a pacientes internados, com o objetivo de propor um método de abordagem que diminua a ocorrência da iatropatogenia e do adoecimento da equipe assistencial.

Apresentamos aos leitores os resultados da pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Saúde e Tecnologia no Espaço Hospitalar da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e levada a cabo em um hospital de grande porte, filantrópico, assistencial-educacional, do Rio de Janeiro. Trata-se de uma pesquisa qualitativa em Psicologia Hospitalar e Psicologia Médica, de caráter exploratório em estudo de casos, com uso da observação não participante através de entrevistas não estruturadas e na qual os dados coletados foram analisados pelo método hermenêutico-dialético, empregando-se predominantemente, mas não exclusivamente, a hermenêutica psicanalítica.

Além das principais tensões psicológicas presentes na prática assistencial hospitalar, a pesquisa possibilitou a delimitação das situações clínicas dentro das quais a ocorrência destas tensões é mais frequente, a construção de um programa de capacitação da equipe assistencial voltado para a prevenção da iatrogenia e da síndrome de burnout e a criação de uma cartilha para os profissionais e pacientes.

Decio Tenenbaum

 

 

 

 

 

 

 

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